Conselhos para mulheres que se ainda não estão totalmente à vontade no selim.

7 dicas para mais mulheres começarem a pedalar.

Ganhar liberdade e autonomia. Praticar um esporte que te deixa forte e saudável. Optar por um meio de transporte limpo, barato e prático. Fazer novas amizades. Uma bicicleta pode ser tudo isso e muito mais na vida de muitas mulheres.

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Nos últimos anos, no Brasil e no mundo, a participação feminina cresceu em quase todas as comunidades ciclísticas.

Há muitas mulheres, porém, que desejam pedalar mas ainda se sentem receosas e sem saber por onde começar.

Para ajudar com incentivos a quem está pensando em se iniciar no mundo da bike, conversamos com Claudia Franco, dona da Escola de Pilotagem de Bicicleta Ciclofemini, que em oito anos já deu aulas de bike para cerca de 7.000 mulheres.

“De lá para cá, muita coisa mudou: nasceram diversas iniciativas com foco no público feminino; em algumas cidades, surgiram as ciclovias, que colaboraram para trazer um número muito grande de mulheres para as ruas; as empresas estão investindo em produtos para nós”, comemora Claudia.

Abaixo, as dicas de Claudia para mulheres que querem começar a pedalar.

Dicas para mulheres que querem começar a pedalar

1. TIRE O MEDO DA CABEÇA

É triste e difícil de acreditar, mas ainda é comum encontrar mulheres que morrem de medo de andar de bike. “Muitas vezes é um medo difícil de explicar, porque a pessoa nunca passou por um acidente ou nada que o justifique. Mesmo assim, quando sobem na bike, elas suam frio, passam mal, tremem”, conta Claudia.

Conversando com suas alunas, a ciclista percebe que muitas passaram por um processo de superproteção sociocultural, com pais que não as deixavam pedalar para não cair e machucar.

Esse medo é tão forte que muitas já se imaginam sofrendo um acidente e chegam querendo aprender, no máximo, a pedalar no parque, segundo Claudia.

Os medos se desdobram em receio de atropelar as pessoas, de se machucar, de ser assaltada, de sofrer um acidente e estar sozinha. “O trabalho inicial é limpar essas crenças. Só depois de liberar a mente dos medos é que começamos de fato o trabalho de ensinar como andar em uma bicicleta.”

2. DEFINA SEU OBJETIVO

As habilidades (e o tipo de bicicleta) que você precisa para dar um rolê no parque são totalmente diferentes das necessárias para fazer uma trilha ou ir de bike para o trabalho. Qual o seu objetivo? Se for pedais descompromissados, um amigo que faça o papel de um “bike anjo” e uma bicicleta compartilhada podem ser suficientes.

Se você quer começar um esporte novo e pretende encarar treinos e provas, fazer aulas de técnica para aprimorar sua habilidade pode ser interessante, assim como se inscrever em uma assessoria esportiva ou clube.

Mesmo para quem vai fazer um uso mais casual, como pedalar até o trabalho, é importante se preparar. Bike é o primeiro veículo de uma enorme quantidade de pessoas, às vezes ainda na adolescência. Por isso conhecer as regras do Código Brasileiro de Trânsito e treinar habilidades específicas para a rua pode te deixar bem mais confiante e segura.

Conseguir passar pedalando em um corredor estreito, tirar a mão do guidão para sinalizar, saber fazer curva, frear corretamente, olhar para trás mantendo a bike em linha reta – a parte legal é que dá para ficar craque nessas habilidades com um pouquinho de treino. E assim ganhar as ruas fica mais fácil!

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3. PROCURE AJUDA ESPECIALIZADA

Se você não sabe pedalar, ou sabe porém ainda não se sente segura de encarar o trânsito de uma grande cidade, uma estrada de terra ou um pelotão de ciclismo de estrada, lembre-se que tudo se aprende. Ninguém nasce sabendo, e você pode e deve procurar ajuda. Existem muitas opções, como bike-anjos voluntários (geralmente mais focados no ciclismo urbano), amigos e amigas mais experientes e assessorias esportivas especializadas.

Se você não conhece ninguém, ou se sente medo e insegurança, não hesite em procurar um profissional que tenha mais ferramentas para ajudar. “Pode ser frustrante tentar aprender com alguém que, apesar da boa vontade, não possui técnica de ensino. Se você procura uma escola de balé, de violão, de idiomas ou de natação, porque na hora de aprender a pedalar não fazer o mesmo?”, diz Claudia.

4. FOQUE NA TÉCNICA

Muitas das coisas que parecem difíceis na bicicleta podem se transformar em surpreendentemente possíveis e até fáceis com a técnica correta. Quer um exemplo? Saber trocar para a marcha certa na hora certa antes de encarar uma subida. “Muitos pais chegam falando que a filha é descoordenada. Eu devolvo com a pergunta: É um diagnóstico médico? Ela tem um atestado de que tem dificuldade, de que é descoordenada? A pessoa fica em choque e percebe que a filha não é descoordenada, mas como foi exposta incorretamente à bike acaba se sentindo incapaz, achando que todo mundo consegue menos ela, e essa carga emocional é o que realmente atrapalha”, conta Cláudia.

O melhor jeito é focar em um aprendizado gradual, que permita ganhar intimidade com a bike para alçar voos mais altos. Antes de sair pedalando com grupos, se inscrevendo em provas ou pedais longos e difíceis, preocupe-se em ganhar intimidade com a bike.

“Não queimar etapas é extremamente importante. Vejo muitas mulheres comprarem uma bike e sair para pedalar com namorado ou amigas na empolgação, e começam os problemas.

Muitas entram para assessoria esportiva sem saber trocar marcha ou usar sapatilha, fazer curva, tomar água ou sinalizar tirando uma das mãos do guidão. E isso de novo reforça as crenças de que é muito difícil, do ser desequilibrada, ou de que bike não é para ela”, reforça Claudia. “Tudo isso cria uma bagagem pesada e isso dificulta pessoa a pensar de forma lógica e racional, que leve a um aprendizado mais suave e gostoso. E explica também porque tem tanta bike atulhada e largada enferrujando em garagem.”

Então, segure um pouco a ansiedade e acumule “horas de voo”. Quem sabe usar esse pedal desafiador como meta dos próximos aprendizados? Saber fazer curvas técnicas, pular troncos, entrar e sair do pelotão em segurança, soltar o freio com confiança naquela descida longa… isole as habilidades e vá praticando sempre que tiver oportunidade.

5 – EQUIPAMENTOS

Não é (só) marketing: cada vez mais a indústria investe em produtos para mulheres que realmente se traduzem em benefícios específicos.

“Não tem como você gostar da prática com equipamento baratinho ou em mau estado, que acaba sendo de má qualidade e não traz conforto e a experiência que você precisa para gostar de pedalar”, explica Claudia.

+ Quais os equipamentos essenciais para quem treina bike?

Se você não pode investir em uma bike muito cara no início, garanta que pelo menos detalhes importantes como a escolha do selim sejam adequados à anatomia feminina. O selim certo ajuda a não sentir dor e favorece uma adaptação ao pedal muito mais rápida.

“Roupa, capacete, roupa óculos, luvas e a própria bike tem modelos feitos e testados para mulheres. Às vezes os quadros da bike são iguais, mas os pontos de contato, como manetes, selim e pedais, são feitos especificamente para a mulher”, explica a professora de bike.

Acessórios e peças de bicicleta
Acessórios podem deixar o seu pedal mais seguro e confortável

6 – PROCURE SUA TURMA

Eventos para mulheres podem tornar sua iniciação no mundo da bike muito mais divertida. Existem diversas provas específicas para mulheres, como a Défy Rose, e clubes de ciclismo como o Canela, feitos por e para mulheres. “Eventos para mulheres são muito legais. Uma serve de exemplo para outra, incentiva uma à outra. Mas também é legal não deixar de participar de eventos mistos”, recomenda Claudia.

Para iniciar no mundo das provas, uma que ela recomenda é o Bike Series, um circuito fechado em autódromo. “Não tem carros, e você pode aperfeiçoar sua pedalada a cada volta que você dá.  Tem um número limite de ciclistas, e mesmo sendo iniciante dá para participar porque no traçado do autódromo é perfeito, o asfalto é perfeito e sem buracos. São 3 horas de prova, e você pode parar o quanto precisar.”

7 – NÃO DESISTA NA PRIMEIRA DIFICULDADE

Persistir faz parte do processo de aprender. Todo mundo foi iniciante algum dia e sempre dá para melhorar as condições para o próximo pedal ser melhor. “Você também pode melhorar seu sono, sua alimentação, sua técnica. Aprender a trocar marcha ou pedalar de pé já dão um gás no rendimento. Dias ruins acontecem, é uma coisa que faz parte do esporte”, diz Claudia.