Giro d'Italia
Giro d’Italia: a prova mais apaixonante do Grand Tour.

Celso Anderson e Cícero Lourenço fazem suas previsões para o Giro d’Italia 2021.

O Giro d’Italia começa no dia 08 de maio, dando a largada oficial nas provas do Grand Tour de 2021.

>> Conheça a loja Bikehub!

A expectativa para a prova é grande, e para saber mais o que vai rolar esse ano, conversamos com dois experts no assunto: Celso Anderson e Cícero Lourenço.

Confira as opiniões e apostas deles para o Giro d’Italia 2021:

QUAIS SÃO SUAS EXPECTATIVAS PARA O GIRO 2021?

A cobiçada maglia rosa (Todas as fotos: Divulgação Giro d’Italia)

CÍCERO LOURENÇO: As melhores possíveis! Depois de um ano bagunçado no calendário, agora as equipes puderam montar seu planejamento baseadas no que faziam há muitos anos e isso deve melhorar o nível da disputa do Giro.

Como no ano passado as grandes voltas aconteceram praticamente sem intervalo e o Giro teve até uma semana simultânea com a Vuelta a España, os atletas tiveram que escolher uma delas e correr cansados do Tour.

Neste ano, teremos as grandes disputas de bike de volta e, com isso, acho que a chance de defesa do título do Tao Geoghegan Hart seria mínima. Tanto que ele está, até o momento, fora da lista de participantes.

CELSO ANDERSON: A etapa mais dura será a 16, chegando em Cortina d’Ampezzo. Não é uma chegada ao alto mas tem 5.700 metros de altimetria acumulada, mostrando a característica do Giro de sempre ter subidas duras nas últimas etapas.

As etapas de contrarrelógio não devem ser tão significativas. Ambas são planas e a primeira delas é bem curta. O segredo do Giro está nas montanhas, especialmente o Monte Zoncolan. Esse ano eles não vão subir por Ovaro, mas sim por Sutrio. Será uma escalada dura, com um espetáculo especial nos últimos três quilômetros.

> Confira o Bikehub no Twitch, com transmissões ao vivo sobre as principais provas! Domingos às 19h.

QUEM SÃO OS FAVORITOS AO TÍTULO DO GIRO D’ITALIA 2021?

Maglia Rosa comemorando no Giro d'Italia

CELSO: Temos que falar dos favoritos máximos, começando por Simon Yates, o mais forte dos irmãos Yates. Vem de boa fase, está em boa forma física. É um cara constante, que já ganhou o Giro, sabe o caminho das pedras. Está super bem preparado.

Egan Bernal, da Ineos, também é favorito mas não está 100%, devido a um problema crônico de dor nas costas que carrega desde 2019. Sofreu muito com isso no ano passado e esse ano está sofrendo também.

Outro cara que destaco é o Remco Evenepoel da Quickstep. Porém ele levou um tombo no Giro di Lombardia, então sua forma física atual é um ponto de interrogação, ninguém sabe exatamente como ele está.

CÍCERO: Como equipe, a Ineos continua sendo a mais forte, até porque sempre priorizou as grandes voltas, com bons escaladores no time para trabalhar pro capitão. Mas coloco duas outras na briga: Jumbo-Visma e Quickstep. A Jumbo quase levou o Tour do ano passado e fez um excelente trabalho de equipe. E a Quickstep conta com dois jovens que podem nos surpreender ainda mais nos próximos anos: Remco Evenepoel e João Almeida.

Acho que esse ano será uma virada entre gerações. Alguns jovens talentos estão muito fortes ao mesmo tempo em que grandes nomes estão em cheque. Não só os mais velhos, mas também algumas estrelas precisam provar mais uma vez seu valor, como é o caso do Egan Bernal, que será capitão da Ineos.

Pelo start list divulgado até o momento, eu coloco ele entre os favoritos – embora em dúvida, em função da ausência de resultados recentes – e apenas mais dois nomes: Simon Yates (Bike Exchange) e George Bennett (Jumbo-Visma).

Entre os “velhinhos” que precisam se salvar da aposentadoria: Daniel Martin, Vincenzo Nibali (recém operado de fratura no pulso), Romain Bardet e Mikel Landa.

Já os jovens que podem decolar são muitos: Aleksandr Vlasov, João Almeida, Remco Evenepoel, Hugh Carthy e Jai Hindley (vice-campeão de 2020).

Fora da disputa na camisa rosa, destaco alguns fatos entre os sprinters: a segunda partipação do Peter Sagan no Giro e o retorno às competições de Dylan Groenewegen, responsável pelo acidente grave do Fabio Jakobsen, pelo qual pegou seis meses de suspensão.

QUAIS SÃO SEUS ASPECTOS FAVORITOS NO GIRO?

Paisagens deslumbrantes no Giro d'Italia
As paisagens deslumbrantes são um dos aspectos favoritos do Giro.

CELSO: O Giro tem uma aura especial para mim, das três grandes voltas, é a minha preferida. Tenho um lado sentimental com o Giro, acho que é uma prova apaixonante, até as narrações italianas são dramáticas! E também acho o Monte Zoncolan um desafio como nenhum outro.


CÍCERO: As montanhas mais inclinadas e a dramaticidade italiana são sempre mais interessantes do que as outras grandes voltas. Uma pena estarmos ainda num momento em que o público não deve participar na beira da estrada. A incerteza do clima também é sempre um fator que deixa todo mundo tenso nas etapas com maior altitude.

Por ser a primeira grande volta do ano, há também uma expectativa grande pra saber como cada atleta está e quais serão as grandes forças para a temporada.

QUAIS SERÃO OS TRECHOS MAIS DESAFIADORES DO GIRO D’ITALIA 2021?

O Monte Zoncolan é emblemático do Giro d'Italia
O Monte Zoncolan é uma das passagens mais emblemáticas do Giro d’Italia.

CELSO: Todo o perfil altimetrico da prova é muito desafiador, com destaque para a Etapa 16, duríssima e com altimetria acumulada muito grande.

O problema maior é sempre o dia seguinte de uma etapa dessa, quando o atleta tem que escalar outras montanhas. Essa sequencia de escaladas no final é muito complicada, e o vencedor é um ciclista que está apto a encarar tudo isso.


CÍCERO: A etapa 14, no Monte Zoncolan deve ser um dia decisivo, não só pela dificuldade da montanha, mas porque acontece no final da segunda semana de prova, momento que pode colocar alguém na liderança de forma mais confortável para se defender na última semana da prova. Mas teremos outras cinco chegadas em topo de montanha e não se pode menosprezar um único dia.

Em grandes voltas, ganha quem tem a regularidade de estar entre os primeiros todos os dias. O segredo é não ter nenhum dia ruim. Termos um dia de gravel, por exemplo. Qualquer coisa errada que aconteça no trecho fora de estrada pode definir a derrota de alguém. Seja um pneu furado ou um tombo, o tempo perdido pode ser difícil de recuperar.

NO QUE O GIRO SE DIFERENCIA DAS OUTRAS PROVAS DO GRAND TOUR?

Giro d'Italia 2020

CELSO: O Giro tem um caráter mais puro de paixão, enquanto o Tour de France, por exemplo, hoje em dia já é um evento bastante comercial. As paisagens também são sem dúvida as mais fantásticas entre as provas do Grand Tour. Esse ano o circuito será mais ao norte da Itália, que eu acho ainda mais bonito.

CÍCERO: O clima de fim de inverno na Europa é sempre um fator importante. Não são raras as vezes em que alguma etapa é alterada em função da neve ou do frio extremo. Aliado aos maiores graus de inclinação usados nas estradas italianas, são os dois grandes obstáculos diferentes no Giro.